domingo, 13 de março de 2011

Parques urbanos 1

Sei que é assunto para quem sabe de ou estuda paisagens e eu não sou exatamente isso, mas me arrisco. Esses parques nas cidades são uma espécie de roças em ambientes urbanos para atender vários sentidos de necessidade. Saudades da roça é um deles. Criam-se lugares que lembrem as paisagens ou imagens de infância para tornar mais apaziguados os espíritos urbanizados. Penso também na tentativa de se livrar de alguma suspeita de culpa, de algum pecado que porventura se suponha venha sendo cometido contra a paisagem "natural" do lugar onde estão instaladas as cidades. Com a criação do parque envia-se uma mensagem parecida com "olha, fizemos uma desgraceira aqui, botamos fogo em tudo e depois asfaltamos tudo, tá certo, mas olha, fazemos os parques e, com eles, preservamos muito das coisas de antigamente". Penso que o mesmo acontece, claro que em outras proporções, com os chamados Parques Nacionais de Quase Tudo. Num canto da desgraceira decorrente do progresso levado ao lugar pela soja e pela cana, faz-se um Parque Nacional Não Sei do Quê. Nas cidades são bonitos de se ver e é bom frequentá-los, sem dúvida, mas não consigo escapar da sensação de fuga. Escamoteio. Inauguro a série com um dos mais recentemente inaugrados parques de Goiânia, Goiás: o Parque Municipal Flamboyant.

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