terça-feira, 8 de março de 2011

A eternidade é ainda tempo?

Imagem de ultradownloads.uol.blogspot.com

Transcrevo a seguir trecho de entrevista de João Guimarães Rosa ao jornalista alemão Günter Lorenz, coletado de Consuelo Albergaria:

Lorenz: Você tem alguma coisa contra os filósofos?
 
Rosa: Tenho. A filosofia é a maldição do idioma. (...) Portanto, volto a repetir, não do ponto de vista filológico e sim do metafísico, no sertão fala-se a língua de Goethe, Dostoievski e Flawbert, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão (...) Eu diria mesmo que, para a maioria das pessoas, e não me excluo, o cérebro tem pouca importância no decorrer da vida. O contrário seria terrível: a vida ficaria limitada a uma única operação matemática, que não necessitaria da aventura do desconhecido e inconsciente, nem do irracional. Mas cada conta, segundo as regras da matemática, tem um resultado. Estas regras não valem para o homem, a não ser que não se creia na sua ressurreição e no infinito. Eu creio firmemente. Por isso também espero uma literatura tão ilógica como a minha, que transforme o cosmo num sertão no qual a única realidade seja o inacreditável", Consuelo Albergaria, O Bruxo da linguagem no grande sertão, p.21-22.

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