domingo, 26 de agosto de 2012

Sono de pedra e outros sonos


Espaços entre os traços.
– a linha percorre os abstratos,
matemáticos vazios posicionados.
Série de pontos mínimos.
– inacessíveis.
Redes de ausências.
– essências espaciais:
alguma forma de esperança.
Eu não gosto de cálculos;
Gosto de sonhos...
E de palavras mágicas!
Desenhos de nuvens me encantam e
sorrisos instantâneos também.

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Num dos prefácios de Tutaméia, João Guimarães Rosa anota, depois de epígrafe, em que se lê que “A matemática não pôde progredir, até que os hindus inventassem o zero”: “Meu duvidar é da realidade sensível aparente – talvez só um escamoteio das percepções (...) Porém procuro cumprir, (...), empírico modo ensina: disciplina e paciência. Acredito ainda em outras coisas, no boi, por exemplo, mamífero voador, não terrestre” (p.148). O autor coloca o leitor exatamente no lugar desejado: na atitude de suspensão do paradigma da racionalidade (“realidade sensível aparente”, “empírico modo”), e de abertura para a imaginação (“boi, mamífero voador, não terrestre”). Para acrescentar, logo em seguida: “Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito, será que basta? Meu duvidar é uma petição de mais certeza”. No balanço do pêndulo entre o racionalismo objetivo aristotélico e o idealismo subjetivo platônico, restam claros um convite e a posição de fala do autor/narrador.

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LAS SEIS CUERDAS

La guitarra,
Hace llorar a los sueños.
El sollozo de las almas
perdidas,
se escapa por su boca
redonda.
Y como la tarántula
teje una gran estrella
para cazar suspiros,
que flotan en su negro
aljibre de madeira.

FEDERICO GARCÍA LORCA, em “Canto jondo”.




Missa das onze e meia


21º Domingo do Tempo Comum
26 de agosto de 2012

"Naquele tempo, muitos dos discípulos de Jesus, que o escutavam, disseram: 'Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?'" (João 6, 60)

domingo, 19 de agosto de 2012

De anjos, sonhos e textos


Sonhos de beijos e romãs,
beijos de anjo bom todas as manhãs.

Beijo doce que viaja longe nas asas dos ventos,
a espalhar notícias de fim de tormentos;
a sugerir limites para lamentos.
Momentos, lentos...

Que não parem de girar os moinhos dos ventos!

Machado-MG (Foto: Imaginário)

Machado-MG (Foto: Imaginário)

Perto de Cordisburgo-MG (Foto: Imaginário)

Perto de João Pinheiro-MG (Foto: Imaginário)

Salvador-BA (Foto: Imaginário)




“Os sonhos são como a tradução para uma língua de coisas intraduzíveis de outra; ou como a transposição para a linguagem – forçosamente confusa ou complicada – de sentimentos vagos ou complexos, que a redacção normal não pode comportar”.

FERNANDO PESSOA





Missa das onze e meia

Jonas no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas-MG (Foto: Imaginário)

Festa da Assunção de Nossa Senhora
19 de agosto de 2012

"Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas" (Apocalipse de São João 12, 1)


domingo, 12 de agosto de 2012

Pequenas coisas


Doce aragem,
ventinho leve e eterno,
sentia o menino seguindo formigas
no barro depois da chuva.

Aquele mundo não tinha fim:
bastava ouvir alguém fazendo planos para a manhã seguinte.

Perto de Itabuna-BA (Foto: Imaginário)

Perto de Arinos-MG (Foto: Imaginário)

Perto de Serra das Araras-MG (Foto: Imaginário)

Perto da Chapada Gaúcha-MG (Foto: Imaginário)

 
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.

(Manoel de Barros)






Riobaldo:
 
“Sertão é o sozinho (...) é dentro da gente (...) o sertão é sem lugar.”

“Jagunço não passa de ser homem muito provisório”.

“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.” 


Missa das onze e meia


Antiga Matriz de Madre de Deus de Minas (Foto: Imaginário)

19º Domingo do Tempo Comum
12 de agosto de 2012

“Naqueles dias, Elias entrou deserto adentro e caminhou o dia todo. Sentou-se finalmente debaixo de um junípero e pediu para si a morte, dizendo: ‘Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais’.

“E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra do junípero. De repente, um anjo tocou-o e disse: ‘Levanta-te e come!’ Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado debaixo da cinza e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir.

“Mas o anjo do Senhor veio pela segunda vez vez, tocou-o e disse: ‘Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer’.

“Elias levantou-se, comeu e bebeu, e,  com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus.” (II Reis 19, 4-8).




domingo, 5 de agosto de 2012

De flores e de amores


Lembro-me do que posso.
Mais que isso me destruiria.






“All flowers in time bend towards the sun
i know you say that there's no-one for you
but here is one”.
Jeff Buckley.


Missa das onze e meia

Igreja de São José em Congonhas-MG (Foto: Imaginário)

18º Domingo do Tempo Comum
05 de agosto de 2012

"Eis que farei chover para vós o pão do céu. O povo sairá diariamente e só recolhererá a porção de cada dia a fim de que eu o ponha à prova, para ver se anda ou não na minha lei" (Êxodo 16, 4).