segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Arcanos maiores: I - O Mago

O Mago (imagem de cursosesotericos.tripod)
A Figura mostra o homem com o chapéu do infinito (oito na horizontal/lemniscata) na cabeça e, na mão esquerda o cetro, na direita a moeda, elementos em oposição. O círculo aparece no ombro do homem. O desenho mostra ainda a mesa quadrada da matéria a ser explorada (ou arredondada pela ação do homem - medida do seu conhecimento). Sobre a mesa: o punhal (espada), a taça (cálice), a moeda (círculo), o bastão (cetro) e o vegetal (vida). O homem olha na direção da direita, para além dos objetos. Trata-se do ponto de partida da "caminhada": postura inteligente, alerta e aberta para manipular os objetos, ordená-los humanamente, criando significado. Os braços, com o tronco, formam a letra aleph, símbolo do Ser. O homem aparece dividido entre as cores de sua roupa: um sapato é azul e o outro é vermelho; uma perna é vemelha e a outra é azul. O círculo no pescoço é branco. Voltaremos às cores, certamente.

Brevíssima história

Umas torres em Marseille (imagem de turismo.ig.com)

Conforme compromisso de ontem, vamos a algumas anotações sobre a história do tarot: a) das origens, nem pensar, há apenas controvérsias: ciganos, de ascendência egípcia indo para a Europa na baixa Idade Média; na mesma época, mas levado por emigrantes persas, entre outras possibilidades; b) as primeiras aparições na Europa parece que se deram por volta do Século XIV, nas Cortes; c) popularizado no Século XVIII passa a servir a fins divinatórios, mas continua como jogo em várias partes da Europa; d) tradicionalizou-se na França, onde foi criada uma Federação que fixou as regras do jogo; e) o tarô de Marselha se encaixa nessa tradição: 78 cartas, conforme descrição já feita em anotações anteriores; f) relaciona-se, a partir dos fins do Século XIX, entre as práticas ocultistas, como a cabala, a astrologia e a alquimia, tudo concebido como esoterismo; g) nessa linha, assume uma espécie de "caminho para a sabedoria", ou, dito de outra forma, as lâminas do arcanos maiores representariam os passos necessários à iniciação esotérica; h) há uma grande variade de formatos dos baralhos, dependendo da região; i) uma ordem poderia ser assim percorrida: Corte de Ferrara (Visconti Sforza), Os oráculos de Francesco Marcolino da Forsi, O Quadrado dos sete, Giácomo Casanova, Martiano da Tortona, Jacopo Antonio Marcello, tarô de Marselha, tarô de Besançon.

Tarô

Arcano XVII do Tarô Egípcio

Tentei trabalhar hoje mais especificamente sobre a história e os formatos do Tarô. Devia ter feito anotações, mas não fiz, o que fica como uma tarefa para amanhã, sem falta. Tenho aqui e estou olhando, alguns livros sobre  o tarô de marselha, o tarô egípcio e o tarô gótico. Já consigo distinguir os arcanos maiores (22 lâminas) dos arcanos menores  (56 lâminas). Estes últimos se subdividem em quatro grandes grupos: os chamados naipes (paus, copas, ouro e espadas, cada naipe com 14 lâminas). Cada uma destas 56 lâminas dos arcanos menores é composta por aquelas 14 cartas já mencionadas: um rei, uma rainha, um cavaleiro, um valete, além de cartas numeradas de 1 (ás) a 10. Provavelmente essas lâminas dos arcanos menores deram origem às cartas do baralho comum utilizado hoje nos jogos de várias espécies. Já os arcanos maiores são geralmente figuras mais complexas que envolvem os cinco elementos fundamentais, distribuídos de forma a apresentar determinada informação oculta, quando vistas em seu conjunto nas lâminas ou em combinação de lâminas. Vou me deter um pouco mais no Tarô de Marselha, por dois motivos: a) parece-me até agora, dentre as formas ocidentalizadas do tarô a que  mais guarda semelhanças com aqueles mais antigos (ou a que menos sofreu com as demandas "higienizadoras" do Cristianismo) e b) parece-me que foi o mais utilizado por JGR na elaboração de seu arranjo (informação para a qual me comprometo a buscar a fonte segura, ou seja, mais tarefas para depois). Comprometo-me ainda a apresentar cada uma das lâminas dos arcanos maiores, com sua descrição mínima e possíveis aproximações com aqueles outros formatos mencionados.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Autoridades

Um fragmento da estante, o que fica bem diante de mim

Menciono os autores que, neste momento dos meus estudos, estão no centro das minhas dúvidas: João Guimarães (todo ele, claro, mas especificamente no GSV e Tutaméia), Gilbert Durand (todo ele, claro, mas especificamente em As Estruturas antropológicas do Imaginário), Carl-Gustav Jung, Gaston Bachelard, Mircea Eliade, Edmund Gustav Albrecht Husserl, Jean-Paul Sartre, Henry Corbin, Maria Zaira Turchi, Francis Utéza, Kathrin Holzermayr Rosenfield, Heloisa Vilhena de Araújo, Paul Ricoeur. Sei que muitos outros me serão acrescentados no decorrer dos trabalhos e já estão no alcance dos olhos, mas prefiro esperar, enquanto me divirto com os que já tenho ao alcance das mãos. Esses são os do meu eixo da pesquisa. Quanto aos das disciplinas do semestre, não escapo de toda a obra dramática de Lorca, além de  A Princesa de Clèves, de Mme. De LaFayette, de Manon Lescaut, do Abade Prévost, de As Relações perigosas, de Chodelos de Laclos, de Orgulho e preconceito, de Jane Austin, de O Morro dos ventos uivantes, de Emile Blontë, de O Herói do nosso tempo, de Liérmontov, de O Vermelho e o negro, de Sthendal, de Madame Bovary, de Flawbert, de Thérèse Raquin, de Zola, de O Jogador, de Dostoiévski, do Dom Casmurro, do Machadinho, do São Bernardo, do Graciliano, da Via Viagem, de Carlos Fernando Magalhães e de A Festa, de Ivan Ângelo. Dessas obras estritamente literárias eu já havia, em algum tempo lido praticamente todas, mas as estou relendo, paciente e humildemente. A bibliografia básica de teoria para essa disciplina de "narrativas" vai me exigir Roland Barthes, Mieke Bal, Booth, Chklovski, David Herman, James Phelan, Peter Rabinowitz, Kellog e Scholes. Não vou anotar a bilbliografia complementar porque assusta.

Sobre este "Diário"

Estrada Arinos(MG) a Chapada Gaúcha (MG) em direção ao Rio Carinhanha e ao Parque Nacional Grande Sertão Veredas

A intenção principal, com estas mal traçadas linhas que aqui a partir de hoje se irão anotando, é tão simplesmente buscar registrar os passos dados no estudo a que me coloquei na disposição de fazer acerca do Imaginário, no meu curso de Mestrado. O nome e sobrenome da linha de pesquisa é exatamente, sem tirar nem pôr, Literatura, história e imaginário. Estou matriculado, neste primeiro semestre em duas disciplinas, o que parece pouco, mas fui apoiado na decisão pela minha perfeita Orientadora: uma específica da área (em que estudarei as vertentes do imaginário na obra Dramática de García Lorca) e outra, básica, que me proporcionará dimensão inimaginável no trabalho com prosa. Eu vou estudar prosa, o livro Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Não o livro todo, apenas a fala do ex-jagunço Riobaldo, mas não toda ela, apenas no que nela possa encontrar de material destinado ao meu objetivo geral: realizar o mapa imaginário do sertão, naquela obra. A intenção secundária, mas não menos importante, é de dar alguma disciplina para o meu próprio acompanhamento de minhas leituras e possíveis avanços, pois que pretendo lançar aqui, diariamente, os resultados alcançados no dia, assim como as dúvidas, as dificuldades e as angústias. Por fim, espero que seja divertido, pelo menos pra mim.