terça-feira, 1 de março de 2011

A Fenomenologia II - Sartre

Jean-Paul Sartre (imagem de nicholasgimenes.blogspot.com)

Aproximando-se dos estudos de Edmund Husserl, Jean-Paul Sartre, amplia as aplicações da fenomenologia, especialemente no que se refere ao sujeito, sua transcendência e sua relação com os outros sujeitos. Perpectivas abertas mas não concluídas por Husserl. Sartre caminha no estudo das impossibilidades de o sujeito se perceber como os outros objetos do mundo, ou como mais um objeto no mundo. A consciência não tem conteúdos, é pura e percebe o outro e se percebe percebendo o outro, mas precisa do outro para completar sua percepção, pois não consegue por si esse distanciamento (sem náusea de nulidade), que lhe permitiria se perceber como objeto. A subjetividade da consciência, em Sartre, tende à anulação do mundo e do próprio sujeito. As outras coisas passam a ordenar-se em função da consciência subjetiva, tendendo-se para o nada. Mas o homem precisa existir (sair de si mesmo, projetar-se). Esse existencialismo decorre, em Sartre, da consciência dizer muito mais respeito à necessidade de liberdade de ação e de reconhecimento que das relações sujeito-objeto: decorre das intimações da própria consciência subjetiva para que seja reconhecida como objeto "real" por outra consciência subjetiva. Nesse pormenor Sartre defende a imaginação, num primeiro momento, como espaço de liberdade, para depois desconstruí-la quase como uma espécie de "infância da consciência" ou da razão. O ativismo político rouba a energia dessas ideias, mas resta o humanismo, no sentido de que a "realidade" aparente é projeção da consciência, forjada na existência de contato com os objetos "reais" de outras subjetividades. De resto a fenomenologia de Sartre parece converter-se em existencialismo e no apelo às outras subjetividades para o reconhecimento da sua própria como um objeto: um apelo à alteridade objetiva. De novo as lacunas enormes a serem preenchidas.

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