Perguntado
sobre suas origens e suas fontes, pelo jornalista alemão Günter Lorenz, João
Guimarães Rosa teria assim se manifestado:
“[Você
chamou-me ‘o homem do sertão’]. Nada tenho em contrário, pois sou um sertanejo
e acho maravilhoso que você deduzisse isso lendo meus livros, porque significa
que você os entendeu. Se você me chama de ‘o homem do sertão’ (e eu realmente me
considero como tal), e queremos conversar sobre este homem, já estão tocados no
fundo os outros pontos. É que eu sou antes de mais nada este ‘homem do sertão’;
e isto não é apenas uma afirmação biográfica, mas também, e nisto pelo menos eu
acredito tão firmemente como você, que ele, esse ‘homem do sertão’, está
presente como ponto de partida mais do que qualquer outra coisa.
“(...) Devo
dizer-lhe que nasci em Cordisburgo, uma cidadezinha não muito interessante, mas
para mim sim, de muita importância. Além disso, em Minas Gerais; sou mineiro. E
isto sim é o importante, pois quando escrevo, sempre me sinto transportado para
esse mundo. Cordisburgo. Não acha que soa como algo muito distante? Sabe também
que uma parte de minha família é, pelo sobrenome, de origem portuguesa, mas na
realidade é um sobrenome suevo que na época das migrações era Guimaranes, nome
que também designava a capital de um estado suevo na Lusitânia? Portanto, pela
minha origem, estou voltado para o remoto, o estranho. Você certamente conhece
a história dos suevos. Foi um povo que, como os celtas, emigrou para todos os
lugares sem poder lançar raízes em nenhum. Este destino, que foi tão
intensamente transmitido a Portugal, talvez tenha sido o culpado por meus
antepassados se apegarem com tanto desespero àquele pedaço de terra que se
chama o sertão. E eu também estou apegado a ele... (...) Para nós, apenas um
mundo pequeno, medido segundo nossos conceitos geográficos. E este pequeno
mundo do sertão, este mundo original e cheio de contrastes, é para mim o
símbolo, diria mesmo o modelo de meu universo. Assim, o Cordisburgo germânico,
fundado por alemães, é o coração do meu império servo-latino.”
Em Gênova,
em 1965.
Cheguei aqui pesquisando sobre o "Método Formal" e quando vi, estava lendo os vários posts.
ResponderExcluirJá virei seguidora,
Abraço do Pedra do Sertão
Está vendo? O Estruturalismo/Formalismo ainda serve para alguma coisa...
ExcluirPedra do Sertão, que bom que veio, que ficou. Volte sempre, para honra deste "espaço imaginário" que, é preciso dizer: desculpa, de formal e de método tem quase nada. Aqui se pensa em Mitodologia, mas a gente não escapa das estruturas.
Abraço.
Gilson.