quinta-feira, 12 de julho de 2012

Contra o atlas visual


Nosso primeiro atlas não foi visual.
No ritmo dos reflexos, primeiro e quase junto,
senti meu corpo roçar o corpo de minha mãe.

Tantos sons ouvi, tanto canto, e doce voz,
que, quando nasci, mesmo de olhos fechados,
sabia quem era minha mãe. Reconhecia a voz.

Meu primeiro atlas foi auditivo e táctil.
No ritmo dos reflexos, nadei sem ver, nem
norte nem sul: - flutuava àquele som.

Também ouvindo, por minha pele percebi,
incrédulo, passar o calor. E ao nascer,
mesmo de olhos fechados, “vi” minha mãe.




18 comentários:

  1. Olá!Boa noite!
    Tudo bem?
    gostei de ver o pouco comum...Atlas Visual...Anatomia
    penso que daí nasce o apego, para buscar proximidade e contato
    com a mãe e o
    estabelecimento do senso de segurança. Cabe ressaltar que tanto o auditivo e táctil está
    permitindo que a "criança" consiga ter e manter a proximidade...sem necessariamente "ver"...
    Obrigado pela visita!
    Boa sexta feira!
    Abraços

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    1. Obrigado, Felisberto, pela visita e bonito comentário. É reflexologia, estrutura que pode descrever o trajeto antropológico da imagem.
      Abraços.
      Gilson.

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  2. Belas palavras! O apego, o amor entre mãe e filho é de uma fortaleza quase indescritível, está além da sensibilidade e da visão, é algo que vem com alma!

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    1. São belas as suas palabras, Anabela.
      Obrigado pela gentileza da visita e pela sensibilidade do comentário.
      Grande abraço.
      Gilson.

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  3. Olá, Boa tarde!

    Passei por seu blog, casualmente,e o vi, com olhos de ver.
    Quanta sabedoria e afeto!
    O poema aqui postado é de elevada sensibilidade.
    Mãe há só uma, só uma mesmo.
    Escutei o vídeo do "monstro" Dorival, som bem brasileiro e de muita qualidade.
    Sou Portuguesa, mas o Brasil sempre foi nossa segunda casa.

    Abraços da Luz.

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    1. Olá, Luz, boa tarde!
      Um vento bom a trouxe, certamente. Veja que interessante: soube que você não gosta do mar e foi ele ligou esses dois países fabulosos. Seu comentário é justamente numa postagem que traz Caymmi e sua inesquecível "O Mar". E você tem razão quanto ao "som bem brasileiro". Tom Jobim disse uma vez que, quando pensava em música brasileira, pensava em Dorival Caymmi.
      Tenho eu também muito carinho por Portugal e seu povo, sua cultura e seus sonhos de mar.

      Abraços, Luz.
      Gilson.

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  4. Gilson,
    Muito obrigada pelo comentário que deixou na minha janela.
    O poema que escreveu é lindo!:)
    Um abraço especial. :)

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    1. Ana,
      sou eu quem agradece os belos movimentos de vida que compartilha, com tanta maturidade.
      Um abraço especial, então. :-)

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  5. Dorival! Amo essa voz, tão nossa não é?
    Sabe que o mar sempre me foi um pouco volta ao ventre, combinou bem a poesia e a música, sensibilidade pura para fazer essa junção, um presente pra mim, posso? Tomei posse, rsss...
    Seu espaço está cada dia mais repleto de sua essência, poesia, beleza, sensibilidade, amor...
    Se eu me afastar um pouco, corre lá no meu canto e me puxa as orelhas tá, pode parecer bobagem, mas a gente que gosta de blog, de escrever, cultivar amizades por aqui, dar e receber carinho, atenção... Só a gente sab e quanto isso nos dá força quando precisamos, nos alimenta a alma, nos faz sentir que somos queridos, que temos algo a acrescentar neste mundão, onde muitas vezes parece que está tudo perdido!

    Beijos no coração amigo...

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    1. Viva seu momento lindo, Ana, que você bem o merece. Pode deixar, se for o caso, vou lá e bato à porta, para saber notícias e respirar felicidade.
      Beijos, Ana. Ótimo final de semana para todos aí.
      Gilson.

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  6. Tudo tão significativo, dificil se prender
    só a poesia...

    Amei o título.

    A vida às vezes parece um grande quebra-cabeça com várias peças fora do lugar.Quando identificamos a configuração destes elementos dentro de nós e o efeito que eles causam, temos reais condições de promover as correções que julgamos necessárias....(qdo retornamos ao interior...a célula mãe)


    Porém....impossivel nao voltar ao primeiro olhar
    trocado com minhas crias...tão diferenciados...
    mas todos repletos de um amor linear e infinito.

    E esta cançao ressuscitou lembranças....

    Mais uma vez a água aparece como um símbolo do inconsciente e da memória profunda.


    beijo

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    1. Se é verdade que há muita coisa nas minhas palavras e na música de Caymmi (não tenho dúvidas quanto à música!), não é menos verdade que há muita coisa também no seu comentário, Margoh.

      Gosto que tenha mencionado a água, fonte de toda a imaginação material, como eu acredito. Do olho sai água salgada, inclusive.

      Obrigado, sempre.
      Gilson.

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  7. Belíssima e expressiva postagem meu caro, a começar por esse magnífico poema culminado com os versos dessa maravilhosa canção de Dorival Caymmi.
    Tenhas um ótimo final de semana.
    Abraço e até mais!...

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    1. Meu caro J.R. Viviani, quanta honra!!
      Obrigado pela visita e pelo tão simpático comentário.
      Abraços e um ótimo final de semana para todos aí, também.
      Até mais.
      Gilson.

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  8. Ciao,
    bella poesia, trasmette proprio la sensazione di una nascita e di un contatto indissolubile...poi la vita magari ti riserva tutt'altro...ma l'inizio di una vita e il legame con chi ti genera ha la profondità di un abisso...
    Le parole della canzone mi sono oscure, ma ho apprezzato i suoni e la personalità che traspare del cantante...
    Insomma, con tutte le difficoltà, mi fa in ogni caso piacere questo scambio con te!
    Ciao, ciao, Floriana

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    1. Cio, Floriana.
      Io ho fatto una traduzione delle parole della canzone per l'italiano, con l'aiuta di dizionari e Google. Io credo che sia stato peggio per voi :-(
      L'intenzione era buona. Felice fin de settimana.
      Grazie, Floriana.
      Gilson.

      Il mare quando gli rompe sulla spiaggia
      È bello, è bello

      Il mare... Quando un pescatore si spegne,
      non si sa mai se torna o soggiorni.
      Quante persone hanno perso i loro mariti i loro figli
      Nelle onde del mare
      Il mare quando gli rompe sulla spiaggia
      È bello, è bello

      Pietro ha vissuto di pesca
      Scendere dalla barca
      Sei del pomeriggio
      Appena arrivato l'ora del sorgere del sole
      Tutti piaciuto Pietro
      E più di tutto
      Rosie de Francesca
      La più simpatica
      La più bella
      Di tutti le piccole bambine del villaggio
      Pietro uscì sulla barca
      Sei del pomeriggio
      Ha trascorso tutta la notte
      Pietro non è venuto al momento del sorgere del sole
      Hanno trovato il corpo di Pietro
      Giocato sulla spiaggia
      Morso da pesci
      Nessuna barca con niente
      In un angolo lontano del villaggio

      Poverina Rosie de Francesca
      Che E `statto bella
      Ora sembra
      Che lei è impazzi
      Vive sulla spiaggia
      Guardando le onde
      A camminare intorno
      A dire sommessamente
      È morto, è morto, è morto, oh ...

      Il mare quando gli rompe sulla spiaggia

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  9. El miedo paraliza el alma pero la esperanza abre el corazón. Besicos.

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    1. Belísimo, Trimbolera.
      Muy agradecido por la visita y comentario. Entonces, creio fuertemente, que tu corazón no conoce puertas, el tiene las dimensiones del mondo conocido.
      Besos.
      Gilson.

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