terça-feira, 3 de julho de 2012

Com sono em Pirapora-MG

Estudando João Guimarães Rosa, começo eu também a girar em torno do Rio São Francisco. Um dia vou escrever algo sobre essa ideia besta que toma o Velho Chico como "o rio da integração nacional". Acho que já tenho coisas (talvez outras besteiras) a dizer a respeito. Quase o dia todo o passei na estrada, para dormir em Pirapora-MG, num hotel de onde posso ver da janela o passar tranquilo das águas do Rio do Chico. Tenho fotografias, mas por razões técnicas (esqueci o cabo USB) não consigo mostrá-las.

6 comentários:

  1. Que pena! Aguardaremos as fotos ...Bom passeio!

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    1. Obrigado, Anabela !!
      Mais um canto de Minas para o meu coração. Vou juntando. Hoje passei o dia no Rio. Resolvi os problemas "técnicos" (de esquecimento) e postei umas fotos. Eu participo da rede mineira de bacias hidrográficas, mas sem tempo nos últimos anos de acompanhar os trabalhos. Devo, no entanto, declarar que encotrei em Pirapora/Buritizeiro um Rio São Francisco limpo, com a população envolvida nos seus cuidados. Por outro lado, e talvez em razão da boa água, subindo e descendo o rio numa canoa pude ver inúmeros pescadores em atividade proibida aqui nesta época. Questionei alguns deles, assim, como quem não quer nada, e me disseram, com a cara lavada: "A polícia (sic) às vezes nos amola, mas nós temos uns horários e locais em que podemos pescar". Sei, não.
      Grande abraço.
      Gilson.
      PS.: encontrei um tio (ou primo?) do Toninho Horta aqui, morador de Buritizeiro (antiga Piraporinha), chamado Sr. Márcio Mello.

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  2. Gosto muito das lendas que envolvem as águas do Rio do Chico. Mas a que mais seduz é a da Mãe-d’Água -sereia dos nossos rios . Todas as noites [à meia-noite], o rio dorme e permanece adormecido por dois ou três minutos. Neste momento o rio pára de correr e suas cachoeiras param de cair. Os peixes deitam-se no fundo do leito do rio e as cobras perdem o veneno. É neste intervalo de tempo que a Mãe-d’Água vem à superfície, procurando uma canoa para nela sentar e pentear seus cabelos. É também nessa hora que as pessoas que morreram afogadas saem do fundo das águas e seguem para as estrelas....Achei isso lindo.

    Aproveite bem...
    [se sentir revigorado não tem preço.]


    Beijao

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    1. Olá, Margoh, obrigado pela presença.
      É lindo mesmo, você tem razão. Todo o entorno (também e principalmente o cultural) do Rio São Francisco é uma riqueza enorme que poucos conhecem, assim mesmo acho "só umas raríssimas pessoas", para usar palavras de Riobaldo, ao se referir ao "sertão". Hoje, conversando com um barqueiro, ele me disse que mandou a esposa dele parar de ver televisão. Eu quis especular ideia e perguntei as razões. A resposta, se me lembro bem, veio mais ou menos assim: "Eu falei pra ela que ela devia se preocupar com as nossas coisas aqui, e parar de se preocupar com as porcariadas que acontecem aí fora e que a televisão mostra". Esse "aí fora" a que ele se referia era o Brasil.
      Grande abraço, Margoh. Beijão, então.
      Gilson.
      [tem preço, sim. Estipulei o meu, no presente caso: ao voltar, escrever 20 páginas em 48 horas. Foi a condição para a consciência não pesar demais (minha orientadora está lá, esperando um texto que não mandei, ainda)].

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  3. Meu amigo, não posso deixar de apreciar o olhar atento deste barqueiro.
    Os meios de comunicação muitas vezes massificam a mente das crianças, jovens e adultos com seus modismos, invertendo valores diante das mentes impressionáveis das pessoas (talvez ele ja esteja percebendo isso em casa não acha?).


    E que você então se desoriente, por alguns dias!

    Abraço.

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    1. Eu sigo rios orientados, Margoh, que nascem no poente. É lá, no Oriente, que um nada encontra-se com o outro. Por enquanto é só mais uma ideia fixa (e "Deus livre o leitor de uma ideia fixa", já dizia Brás Cubas), mas deixa pra lá. Acato a sua "orientação". Viu?

      Quanto ao barqueiro (que, graças a Deus, não se chama Caronte), o que me chamou a atenção na fala dele é o fato de ele pensar que uma coisa é o Brasil; outra seria o aqui, onde ele mora. Eu penso justamente o contrário: não reconheço Ipanema, acho que é um bairro de Nova Iorque ou uma cidadezinha ao lado de Paris. O Brasil é aqui, onde estou, na terra dos Cariris.

      Abraços.
      Obrigado, Margoh, pelo carinho da visita e pelo comentário.
      Gilson.

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