terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Prisma

Espelho

Reparo bem atentamente o vento que farfalha as folhas do buriti
Percebo o movimento indolente e entregue de galhos conhecidos
Essas folhas, esses galhos, esse vendo...

Reparo bem atentamente a voz que ordena o desatino, cinismo
Percebo o desenrolar sem destino conhecido dos sons de toda voz
Essas vozes, esses cinismos, esses destinos...

Reparo atentamente meus olhos no espelho e vejo através deles
Percebo a translucidez, prenhe de sentido, e de qualquer mundo
Esses olhos, esses espelhos, esses sentidos...

Reparo atentamente a água do rio, a mesma e sempre outra
Percebo a mudança no olhar, que a água ao passar provoca
Essas águas, essas mudanças, essas passagens...

Ventos, destinos, sentidos, passagens...
Múltiplos do mesmo e misterioso monstro
Esfinge

Espaço a devorar quem o desvenda
Tempo a devorar
Sangue

Luz

Reparo bem na sombra que produz todo conhecimento
Percebo que a matriz da cor é o claro e também o escuro
Essas sombras, esses conhecimentos, essas cores...

Reparo bem nas gotas feitas de matéria de água seminal
Percebo a capacidade delas em criar o ser a partir do nada
Essas águas, essas cores, essas sombras...

Reparo bem no nascimento do branco no máximo de escuridão
Percebo que também o escuro presente como sombra na luz
Essas luzes, esses escuros, essas luzes...

Reparo bem no experimento de Newton e no ponto claro na mídia escura
Percebo muito mais clareza no ponto escuro no das trübe mittel de Goethe
Esses experimentos, esses prismas, esses chroma...


Conhecimento, cor, sombras, cores, luz...
Múltiplos do mesmo e poderoso monstro
Espelho

Tempo a devorar sempre
Quem  tem medo
Sangue
Escuro

Sombra

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