segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mergulho

Sonhos de escafandrista

No meio do mar canavial,
o doce cheiro da cana;
o doce cheiro da dor da cachaça:
cheiros que vento traz.
No acampo do vento: a lembrança
das almas. O santo campo
de um lugar:
 “Melhor lugar é o cemitério,
De lá você pode ver o ermo”.
O vazio do que era.
É.
Águas subiram; tudo cobriram.
Tudo solveram; menos o vento...
Este está coagulando em areias
os cheiros todos das almas
incansáveis. O mais puro sal.
Devo ter pisado em terras
de eu menino. Nem soube.
Nem soubesse; fiquei não sabendo.
“Aí ficava a Cidade, lugar exato certo?”
- perguntei.
“Garantido: aí mesmo. E digo até,
que quando faz grande seca, 
água baixando muito, alguma
parede ameaça olhar o céu...
Fora da água...”
Alguma parede qual será... Heim, hã?
É o ermo em água.
Pensei que alguma árvore me vigiasse. Suspeitã ou reconhecente.











4 comentários:

  1. Gilson,
    Que postagem tão original, não sei porquê mas transmite paz.
    Abraço e obrigada pelo comentário. :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ana, obrigado pela visita.
      Deve ser a paz das águas e dos lugares sagrados...
      Sob essas águas existe uma vila engolida por um rio cujas águas subiram, represadas. Aí embaixo, e na minha memória, estão as ruas e as esquinas, paredes e janelas e portas de um espaço vivido...
      Um grande abraço para você.
      Gilson.

      Excluir
  2. OI IMAGINÁRIO!
    VIM TE AGRADECER A VISITA E CONVIDAR PARA QUE VOLTES.
    GILSON, CONFESSO QUE HAVIA TIDO SÓ UM VISLUMBRE DA REAL HISTÓRIA QUE QUERES CONTAR,MAS AGORA LENDO TUA RESPOSTA A ANA, FIQUEI MUITO TRISTE, DEVE SER RUIM MESMO, SABER QUE NAQUELE LUGAR QUE SE VIVEU E QUE DEVE SER REPLETO DE LEMBRANÇAS BOAS DA INFÂNCIA SÓ EXISTE UMA IMENSIDÃO DE ÁGUA E QUE NOSSAS LEMBRANÇAS ESTÃO LÁ NO FUNDO.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lani (se me permites),
      quanto honras este humilde espaço com tua visita! Importes, não: em tudo que escrevo perceberás essa "neblina". É um risco de lápis de aquarela cujas linhas insistem em não se encontrar, mas vou riscando. Quanto ao teu espaço, voltarei sempre, agradável que é. Hoje mesmo lá ouvi Djavan, e o som me trouxe muitas lembranças boas.
      Obrigado e volte sempre.
      Gilson.

      Excluir