“ROMANCE LII OU
DO CARCEREIRO
Isso é o que diz o embargo.
Mas eu, cá para mim,
acho que, nesta história,
ele vai ter mau fim.
A esse é que levarão,
pelas ruas afora,
com baraço e pregão.
Nunca lhe deram nada.
Quem lhe daria agora
perdão?
Nunca o escrivão escreve
o que a vítima diz.
Não tem lei nem justiça
quem nasceu infeliz.
A verdade não vem
defender acusados...
Não se entende ninguém.
Tudo isto é enredo grande,
e, por todos os lados,
falsidades se vêem.
A roda anda e desanda,
e não pode parar.
Jazem no fundo, as culpas:
morrem os justos, no ar.”
CECÍLIA MEIRELES, no Romanceiro da Inconfidência, “Romance LII ou do Carcereiro”.
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