sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um conto de Grimm

O ESPÍRITO NA GARRAFA

Era uma vez um pobre camponês. Tinha um filho único e desejava que ele fizesse estudos superiores. Como só pudesse enviá-lo à universidade com uma quantia diminuta, o dinheiro foi consumido muito tempo antes da época dos exames. Então o rapaz voltou para casa e começou a ajudar o a trabalhar na floresta. Certo dia, na hora de repouso após o almoço, pôs-se a perambular pela floresta até chegar a um antiguíssimo carvalho de grande porte. Ouviu então uma voz que saía do chão, chamando: 'Me solta, me solta!' O menino cavou entre as raízes da árvore e encontrou uma garrafa bem fechada; sem dúvida era dela que saíra a voz. Ele tirou a rolha e um espírito saiu da garrafa, logo atingindo a metade da altura do carvalho. O espírito dirigiu-se ao menino e disse: 'Eu fui trancado por castigo. Sou o poderosíssimo Mercurius; e agora devo quebrar o pescoço de quem me soltou'. O rapaz ficou apavorado e num instante urdiu um estratagema. 'Qualquer pessoa - disse ele a Mercurius - poderia afirmar que estivera preso na garrafa. Mas teria que provar isso'. O espírito então entrou de novo na garrafa. O rapaz mais que depressa fechou-a, e o espírito ficou de novo aprisionado. Prometeu então ao rapaz uma recompensa se este o soltasse de novo. O rapaz concordou e soltou-o, ganhando um pedaço de pano. Passou-o em seu machado trincado, e este transformou-se em pura prata. Pôde assim ser vendido por quatrocentas moedas. Desse modo, pai e filho ficaram livres de tosas as preocupações. O rapaz continuou seus estudos e graças ao pano acabou por tornar-se um médido famoso".

Resumo citado por JUNG em Estudos alquímicos, Vozes, 2002, p.191.

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