terça-feira, 24 de maio de 2011

Frankenstein XIII - Capítulos 5-16

 
Frankenstein
Mary Shelley
L&PM, 2010

Capítulos 5-16
 
 Pronto (por favor, sem trocadilhos). A criatura está pronta e, óbvio, é uma aberração. Pois o artista popular já não disse que "Narciso acha feio tudo que não é espelho"? Então, um está diante do outro e o Dr. Frankenstein foge. Se estava doente do espírito, agora adoece também do corpo: seis meses de febre, pânico e alucinações. Seu amigo de infância, Clerval, providencialmente, chega à Alemanha para o fazer retornar à razão e à força física. A criatura sai de seu laboratório e vaga pelos bosques após ser seguidamente repelido por todo e qualquer animal que se pareça com seres humanos. Faz, porém, grandes progressos intelectuais e aprende a linguagem articulada e o idioma francês. Aprende a bondade quando esteve escondido nas proximidades de uma pobre família francesa. Escuta leituras de Impérios arruinados, de Volney (Napoleão também leu Volney, conforme nos esclarece Said). Encontra numa sacola perdida na mata três livrinhos: Os sofrimentos do Werther, de Goethe, Vidas ilustres, de Plutarco, e O Paraíso perdido, de Milton. Dava bem pra ele começar, certo? Contudo, por mais que tentasse ser aceito, mesmo fazendo sempre o bem, era sempre rechassado a pauladas e pedras. Sua aparência não ajudava. O ódio então toma conta de sua alma. Segundo ele, ódio aprendido. Decide duas coisas: buscar seu "pai" Víctor e espalhar terror de vingança contra toda a humanidade (no cap. 15 ele mata o irmão mais novo de Víctor, Ernest, e provoca o enforcamente de sua irmã adotiva, Justine, condenada pelo crime). Tinha, porém, um pedido a fazer ao Dr. Frankenstein: que criasse para a criatura uma companheira, com os mesmos defeitos para que, com isso, não se negasse a acompanhá-lo. Pois então, estamos mesmo numa sala de espelhos: Mary Shelley se triplicou ela mesma no início da narrativa; o narrador Robert Walton se duplica em Víctor Frankenstein, que se duplica na sua criatura, que se quer ver duplicada em outra... A imagem e semelhança da linha discursiva permance: o espelho da narrativa dos diversos narradores reflete a superfície do mesmo texto. Bem claro: eu disse superfície.

Imagem: Google images (mulher no espelho, Picasso)

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