quinta-feira, 26 de maio de 2011

Chuvas

 
COMPOSIÇÃO

Frutas decapitadas, mapas,
aves que prendi sob o chapéu,
não sei que vitrolas errantes,
a cidade que nasce e morre,
no teu olho a flor, trilhos
que me abandonam, jornais
que me chegam pela janela
repetem os gestos obscenos
que vejo fazerem as flores
me vigiando em noites apagadas
onde nuvens invariavelmente
chovem prantos que não digo.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

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