terça-feira, 26 de abril de 2011

Frankenstein VII - Os trenós, o criador e a criatura

Frankenstein
Mary Shelley
L&PM, 2010

Carta 4
À Sra. Saville, Inglaterra
05 DE AGOSTO DE 17...

"Aconteceu-nos um acidente tão estranho que não posso deixar de registrá-lo, embora seja muito provável que você me veja antes que esse papel chegue às suas mãos". Pela maneira de começar essa última carta, parece que, finalmente, temos algo "estranho" numa história de fantasmas. Vamos aos fatos: na névoa densa o navio é preso pelos imensos blocos de gelo. A tripulação passa a noite à espera de que o tempo melhore. Quando melhora, eis o que se vê: "uma carruagem baixa, fixada a um trenó e puxada por cães, que passava na direção do Norte à distância de meia milha; uma criatura que tinha a forma de um homem, mas aparentemente de estatura gigantesca, estava sentada no trenó e conduzia os cães. Acompanhamos o progresso do viajante com nossas lunetas até que ele se perdeu entre os distantes acidentes do gelo".  Na manhã seguinte aparece um cidadão inglês, muito culto e muito debilitado, também num trenó, mas sem forças nem mesmo para contar sua história. Resiste até mesmo a receber a ajuda dos marinheiros. Depois de muita insistência, cede e aceita a ajuda oferecida. Depois de dois dias e com as forças recuperadas, resolve falar e talvez chegue até a contar o que estava fazendo ali. 13 de agosto: de 17... o homem fala sobre a embriaguez provocada pelo desejo de conhecimento e suplica para o sr. Walton não tenha também ele ingerido a mesma bebida, uma vez que está numa aventura tão distante de sua terra. Diz o desconhecido que, se contar a sua história, fará com que RW retire da boca o tal cálice. O estranho quis antes saber sobre a vida de Walton, a infância, essas coisas. Índices de retardamento no discurso. Diz ainda que perdeu tudo e não tem mais como recomeçar, diferentemente de Walton, que só tem 28 anos e muito tempo pela frente. Walton descreve o "divino vagabundo" como um ser superior em espírito a qualquer outro homem que já tenha conhecido antes. 19 de agosto de 17... Começa assim o relato deste dia "Ontem o desconhecido me disse: Capitão Walton, o senhor pode perceber facilmente que tenho sofrido grandes e extraordinárias desgraças. Eu tinha resolvido que a lembrança desses infortúnior morreria comigo, mas o senhor me obrigou a alterar essa decisão". Graças ao bom Deus e ao Cap. Walton, teremos uma narrativa, que, diga-se, já começou faz tempo, certo? Ficou assim combinado, na manhã seguinte o desconhecido conta sua história para Walton que, cuidadosamente  a anotará e depois, gentilmente no-la passará adiante, para a alegria de todos. Esperemos pelo Capítulo 1.

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