domingo, 5 de junho de 2011

Alma


Medéia, Raquel, Psiquê, Perséfone e Yerma. Preciso ligar essas mulheres umas às outras, num discurso. Estou pensando que o fio pode ser o cordão umbilical, que me levaria à vontade delas de ser mãe. Psiquê estar no meio da relação não é puro acaso. A esterilidade imaginária resulta do não reconhecimento de que ser mãe é fato emocional posterior ao de ser mulher. Medéia teve filhos e os matou. Raquel não os podia ter e os teve pelo ventre de sua criada. Perséfone teve filhos negociados entre o Rei dos infernos e o dos homens. Yerma, matando o marido, matou seu filho, que poderia ter, antes mesmo de ele nascer. Psiquê desafiou a Grande Mãe, e descobriu, enfrentando os sofrimentos e obstáculos que lhe foram impostos, os segredos do masculino, numa caminhada em que conciliou anima e animus no seu corpo de mulher.  Eros nunca mais foi o mesmo depois de se encontrar com Psiquê. Homem e mulher se fizeram e nasceu Volúpia. 

Imagem: Google images (cartaz da apresentação a ópera Yerma, de Villa-Lobos em Manaus, 2010).

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