Antigamente, todas as terças-feiras, por volta das 7 da noite, os sons daquela música chegavam, discretamente, até nossa casa. Pandeiro, violão, tamborim, cavaquinho, violino... Uma reunião de componentes de um aposentado clube de choro. Era fácil ouvi-los mesmo da cozinha ou da varanda, mas, para nosso perfeito deleite, pegávamos duas cadeiras e íamos nos sentar sob o limoeiro, bem do lado do muro. Em silêncio, de mãos dadas, olhando para nosso teto estrelado, participávamos, furtivamente, daqueles serões, do lindo chorinho daqueles velhos chorões.
Quero ir,
sem ter pra onde.
Só não quero ficar aqui.
Mesmo sem ter para onde,
quero ir.
Estou no pátio da biblioteca neste último domingo do ano cristão de 2013. Estou aqui desde as 6. A casa não me prende, os livros me chamam. Vi as luzes da cidade, uma a uma, serem apagadas e o sol não veio e resolvo, sob fina chuva, eu também, fazer minha listazinha de desejos para 2014, que aqui vai. Algumas coisinhas básicas eu peço e coloco nas mãos de Deus (saúde, paz, harmonia, perdão). Bem prosaicamente: quero parar de fumar. Que a palavra não me falte, mesmo ruim como sempre, e também não me falte a vontade de corrigi-la, corrigi-la e corrigi-la tantas e quantas vezes o dever pedir. Não quero cometer o mesmo erro de novo. Desejo ardentemente aprender a ouvir e ver sempre mais e melhor. Pela primeira de três vezes desejo a todos e a todas um FELIZ ANO NOVO.