Nesta noite de segunda para
terça-feira choveu depois de quase vinte dias de um calor e de um sol incomuns
para esta época do ano. Chuva forte, de muita água e boa. Para usar palavras de
minha mãe: “chuva abençoada, mansinha...”.
Amanheceu um dia lindo:
nublado, cinzento, embaçado...
Há muito tempo, na minha adolescência,
li Conversa na Catedral, de Mário
Vargas Llosa, então apenas um bom contador de estórias, como a ele se referiu
certa vez o mano Caetano. Apenas lá pela página 300 é que descobri que a
catedral, espaço da conversa dos dois amigos, Santiago Zavala e Ambrósio, era
na verdade um bar de quinta e não uma digna Igreja. Além do mais, eu observava pouco
a dureza da crítica política para admirar, antes, os fios do novelo da construção
da narrativa e os espaços mais abertos de Arequipa, cidade vizinha de Lima.
Comigo ficou para sempre o céu nublado de Arequipa.
Não conheço pessoalmente o fog londrino nem o céu cinzento de
Arequipa, no Peru, e que me foi apresentado por Llosa.
O fato é que me identifico com
esta atmosfera em que não se pode ver longe. Parece-me mais compatível com
minhas possibilidades como ser humano. O sol me faz crer que vejo o que me
engana. O carro de Apolo é a ilusão das ilusões (e nele não pode estar Cristo, como queria Dante). Se tivesse sido consultado, teria sugerido a Llosa que mudasse o nome do amigo de Zavalita para Dionísio (e este seria, tanto tempo depois, o dono do Bar Catedral).
Imagens: Goiânia, hoje de manhã (Gilson).
"Arquipa não é aqui"
ResponderExcluirFica no fim do mundo e poucos a conhecem
ou conhecem e não falam dela!
Mas o Espaço Imaginário é livre de falar de tudo e de trazer seus belos textos ao meu (nosso) conhecimento.
Grata por o encontrar!
Maria luísa
Oi parceiro(a)
ResponderExcluirVou te chamar assim porque não sei seu nome. O texto e as fotos ficaram ótimas. Sempre ouvi falar do famoso London fog, é bem parecido mesmo.
Bjos.
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/
ResponderExcluirO nublado só permite ver o imediato. Esconde o que está para além dele. E é preciso vermos o todo para decidirmos se nos continuamos a enganar ou a deixar-nos enganar.
As ilusões são o que são e a realidade, não será ela também uma ilusão?
O sol é sempre o mesmo, as nuvens têm já diversas designações e a "Chuva forte, de muita água e boa. Para usar palavras de minha mãe: “chuva abençoada, mansinha...”.", também... não é?
Beijinho, Gilson, e continuação de boa semana.
Laura
Talvez não seja mau de todo voltar a lê-la e meditá-la.
ResponderExcluirNalgumas imagens o céu nublado quase parece o mar.
Abraço.
Olá Gilson!
ResponderExcluirVim agradecer e retribuir a tão gentil e agradável presença em meu blog!
É muito bom ter amigos sensíveis assim como você!
Ótimo texto! Lindas fotos!
Bjs e prazer em conhecê-lo!
Olá!
ResponderExcluirGílson
Bela fotos e belo texto
Também,não sei como é o fog ou Arequipa, mas também creio que o ser humano gosta desta atmosfera em que não se pode ver longe. Viver muito dentro dos limites do que se chama de última segurança,do conjunto de certezas , do que já aconteceu...risco zero!
Meu carinho
Boa noite
Abraços
.
ResponderExcluir.
. meu [muito] querido amigo,,, .
.
. de Mário Vargas Llosa conheço.Lhe a Obra grandíloca e e.terna .
.
. do londres . conheço.lhe o fog persistente . e às três da tarde é quase noite . estou certo . mais do que certo . que com o passar do tempo . não irias apreciar . a.pesar de perceber muito bem o que pretendes dizer a.cerca da clarividência do Sol .
.
. do peru . não conheço [ainda] nada .
.
.
. mas . de ti . de ti conheço a Alma Grande . e é por isso . que hoje . mas também sempre . anoiteço aqui . perto de ti .
.
. um forte abraço .
.
.
Como alguien decía:
ResponderExcluir"¡Qué extraño es vagar en la niebla! Ningún hombre conoce al otro".
Muy buen Post referiéndose a esta obra de Vargas LLosa.
Abraços.
Ola Gilson,
ResponderExcluiramo a niebla, o neblina? "fog" en ingles, os dias nublados... sao romanticos, serenos o misteriosos. Adoro chuva tambem, quanta mais tempestade melhor ;)
Quero agradecer as suas palavras especiais e te cuento que ontem conversei umas breves palavras com irmaos brasileiros que estavam na catedral aqui, en Buenos Aires. Que amor de gente! amaveis, simpatica, de lo melhor. Eles estaban muito comovidos tambem por o novo Papa.
Beijos e me gustou muito sua escrita sobre o Bar Catedral de Llosa combinado com mitologia, o Dante... especial.
OI GILSON!
ResponderExcluirTE CONFESSO QUE PREFIRO O SOL, AO QUAL ATRIBUO, VIDA,COR, ALEGRIA...
SEI QUE ESTES DIAS NUBLADOS TEM SEU CHARME, MAS, MESMO ASSIM, PREFIRO OS CLAROS E ENSOLARADOS.
TEU TEXTO ESTÁ MUITO BOM, E AS FOTOS TAMBÉM.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/ClickAQUI
Curitiba amanheceu assim, com garoa e frio, mas estamos acostumados ao clima. Também tenho andado bastante ocupada, mas é bom te ler. Um abraço,Yayá.
ResponderExcluirABRAZO GRANDE, GILSON!
ResponderExcluirOlá Gilson, vim conhecer o teu blog e gostei muito da sua comparação com esse dia lindo, nublado, tão perto da verdade do homem.
ResponderExcluirParabéns por tua sensibilidade. Gosto disso.
Obrigada pela visita e palavras ao meu blog que muito me incentivam e enriquecem.
Beijos, Vilma
Amigo, por aqui tbém está chovendo, chuva mansa, que nos relaxa durante a noite, como vc disse abençoada! Abraçosss
ResponderExcluirSe adorei o texto, nao gostei menos das fotos, em particular a terceira.
ResponderExcluirQue belo dizer nas palavras, Gilson...
UM abraço assim_________________
Gostei muito dos pensamentos e das imagens. Um dia hei-de ir ao Perú. :)
ResponderExcluirChegou aqui a Primavera, estação que prefiro mas o sol ainda é incerto e eu gosto tanto dele.
Um beijinho e obrigada pela amável visita.
Ciao,
ResponderExcluirmi fa sempre piacere visitare il tuo blog anche se ogni volta si verifica una situazione quasi surreale: chissà se capisco ciò che dici o interpreto e invento...
Non importa l'intenzione alla comunicazione c'è e questo è già molto... poi estrapolando alcune parole e riaggregandole qualcosa rimane sempre!
Ciao, ciao, Floriana
Gilson, la niebla siempre es poesía.
ResponderExcluirLa literatura tiene el poder mágico y único de trasladarnos a los lugares más lejanos o más cercanos con solo pasar la página de un libro. Arequipa te llegó por Vargas Llosa y su visión siempre estará cargada de letras, de lluvia imaginada y real.
Un abrazo