“ALONGO-ME
O
rio nasce
toda
a vida.
Dá-se
ao
mar a alma vivida.
A
água amadurecida,
a
face
ida.
O
rio sempre renasce
A
morte é vida”.
JOÃO GUIMARÃES ROSA, Jornal O Globo, 25/02 e 1º/o4/1961.
O Forum de Januária-MG |
Se me lembro, o Rio Grande depois de Itutinga-MG |
Talvez o Rio Grande, depois de Itutinga-MG |
Idem |
O mesmo |
Fachadas antigas em Januária-MG |
Um casarão, agora hotel, em Januária-MG |
“O mineiro é muito espectador.
O mineiro é velhíssimo, é um ser reflexivo, com segundos propósitos e enrolada
natureza. É uma gente imaginosa, pois que muito resistente à monotonia.
“O mineiro traz mais
individualidade que personalidade. Acha que o importante é ser, e não parecer,
não aceitando cavaleiro por arqueiro nem cobrindo os fatos com aparatos. Sabe
que ‘agitar-se não é agir’. Sente que a vida é feita de encoberto e imprevisto,
por isso aceita o paradoxo; é um idealista prático, otimista através do
pessimismo.
“[O mineiro] não entra
caninamente em disputas. Melhor, mesmo – não disputa. Atencioso, sua filosofia
é a da cordialidade universal, sincera; mas em termos. Gregário, mas
necessitando de seu tanto de solidão, e de uma área de surdina, nos contatos
verdadeiramente importantes. Desconhece castas. Não tolera tiranias, sabe
deslizar para fora delas. Se precisar, briga.
“[O mineiro] tem memória longa.
Não tem audácias visíveis. Ele escorrega para cima. Só quer o essencial, não as
cascas. Sempre freqüentado pelo enigma em pedacinhos, como quando pica seu fumo
de rolo, e faz contabilidade da metafísica; gente muito apta ao reino do céu.
“[O mineiro] não acredita que coisa alguma se resolva por
um gesto ou um ato, mas aprendeu que as coisas voltas, que a vida dá muitas
voltas, que tudo pode tornar a voltar. Até sem saber o que faz, o mineiro está
sempre pegando com Deus”.
JOÃO GUIMARÃES ROSA, “Aí está
Minas: a mineiridade”, em Revista Manchete,
24/08/1957.
Imagens: Gilson.