Em cena, Joana de Áustria (ou Joana de Espanha ou Joana de Habsburgo) (mãe de D. Sebastião), a Rainha Isabel (sua mãe) e Francisco de Gandía (São Francisco de Borja):
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"Viste as duas faces de Jano, disse ele. 'Agora precisas de saber qual é a verdadeira.'
'Não são sempre as duas', riu Isabel, dia sim, dia não?'. E ficou a sorrir para além das palavras.
Mas Joana tinha uma imaginação mais literal do que a mãe:
'Quais? Também temos?'
(...)
'Por vezes é necessário saber escolher', disse finalmente Francisco como se em resposta à pergunta de Isabel, que não era pergunta, é à pergunta de Joana, para a qual não era resposta.
'Sim, deves ter razão. Também já disse à minha Joana. É preciso saber escolher entre o que se deve lembrar e o que se deve esquecer.'
'Não foi isso que eu disse.'
'Ah, não?' E Isabel riu de novo aquele sorriso só dela que mesmo naquela casa sem risos se tornava logo de todos."
HELDER MACEDO, em Vícios e virtudes.