sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Linhas e pios



O horizonte desaparecia, escurecendo, deixando clara a ilusão da fronteira entre o céu e a terra. No meio daquele ermo e da pesada noite que já caía, ouvi o pio de um passarozinho muito miúdo, da cor do chão. Era um sabiá-do-campo e estava pousado num galho seco da sucupira à esquerda da minha janela. Lembrou-me o João-de-barro, pela cor, mas era outro e sozinho. Não podia vê-lo como sombra ou aviso, era apenas a necessidade simples da leveza e da liberdade, o que aquele pássaro me trazia. Por um segundo ou dois trocamos olhares e ele se foi, para nunca mais, porque todos são iguais.

Foto: Imaginário



6 comentários:

  1. nunca estamos sós....

    http://www.youtube.com/watch?v=MV8BXmvg398

    [contém 1 beijo]

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  2. A noite, o sabiá e uma conversa muda.

    Prisões do tempo e das palavras sugeridas nas asas da liberdade. Talvez isso.

    Bom fim de semana.

    Beijo

    Laura

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  3. Pajarillos que nos muestran la esencia de la Libertad por su volatilidad y su ligereza.
    Precioso Texto.
    Un abrazo.

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  4. La naturaleza nos muestra todo su esplendor, siempre que nos paremos un segundo a disfrutar de ella. Me ha encantado Gilsón, gracias por compartir.
    Feliz fin de semana con todo afecto Pilar.

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  5. Bravo. Bela transcrição de imagens para o papel, coração embarcando a toda prova no sentir o mundo...

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