sábado, 5 de outubro de 2013

a realidade do sonho

Chega, às vezes, a ser engraçado. Duas semanas se passaram desde que defendi a dissertação e, apesar de muito provocado e estimulado a continuar os estudos no doutorado, o que venho sentindo mesmo é vontade de revisitar os lugares, digo, os espaços vividos durante a caminhada que encerrei em 20 de setembro.

Apenas duas ou três vezes estive envolvido com o projeto dos estudos futuros. Quase todo tempo estou me lembrando das leituras que fiz, dos lugares físicos e imaginários que visitei. Nas vozes em que acreditei, nas estradas percorridas, nos rios atravessados, nas montanhas contempladas.

Meu choro com terra nas mãos na Serra dos Cristais; meu choro como barro e água de chuva nos olhos na Serra das Araras.

Que me perdoem aqueles que me consideram saudosista, mas não posso viver amanhã. Vivo hoje! E agora eu só posso ser tudo que fui. Ainda sou aquele menino que perguntava sobre a respiração das máquinas; o tamanho do céu; a intensidade do verde; o fim das águas...

Sei, também, como Mark Twain, que um dia só vou me lembrar das coisas que nunca aconteceram. 

Antiga estação do trem em Cordisburgo-MG

Museu-Casa de João Guimarães Rosa em Cordisburgo-MG

Pirenópolis-GO

Conceição da Barra em Salvador-BA

Amanhecendo em João Pinheiro-MG

Pelourinho

Congonhas-MG

Ouro  Preto-MG

Congonhas-MG

Texto e imagens: Gilson.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Graças

Tive que retirar todo esse belo pelo de Höffen: ele está pela metade


De
Graças
- em
Graças -
vou vivendo, de promessas em promessas.
___
Imagens e texto: Gilson

terça-feira, 24 de setembro de 2013

pecado original





A cigarra anuncia a chuva ainda longe...
Meu primo João não esperou:
ateou fogo na casa, ou melhor, escreveu um livro.
“Matou” o pai uma vez só,
mas o fez em oito línguas diferentes.

Joseph K. não cometeu crime algum,
mas comia maçã quando foi preso.
Eram também maçãs que o pai
atirava em Gregor Sanza...
Crimes, pais e maçãs.

A solidão é apenas e tão somente
um banco no meio da praça,
esperando
por alguém.

Imagem: "Solidão", Fabiana Pazzini.
Texto: Gilson.

no giro, na dicção de Carmem Miranda

Toda revolução sai mesmo é da casa p(m)aterna. O inovador, no fundo, é o grande tradicionalista. Será preciso sempre, para algo novo, a volta à terra natal, em busca de forças, da energia ancestral. Estou sempre dentro dos livros, mas isso é pouco. Meu rio Tijuco, minha Vila Platina... Vitor Cunha escreveu-me outro dia: "Incrível como essas imagens de sua terra se parecem com as do meu Minho". Na casa natal a gente apenas pode se aprofundar. Se subimos escadas, é apenas para lembrar que devemos voltar. O espaço da casa natal é um convite à profundidade, aquela mesma profundidade que assusta a criança que estende o braço em direção à lua e não consegue alcançá-la imediatamente. 

Ponte Velha sobre o Rio Tijuco


Texto: Gilson.
Imagem: http://tidemaia.wordpress.com/author/tidemaia/

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

virando página



Expressão da totalidade é prerrogativa do silêncio, guardião das emoções até que sejam verbalizadas. O nada que toma forma e depois discurso ou narrativa ou mito é, de fato, a revelação de que é a palavra que faz a inscrição do Homem no tempo, reino do efêmero. Mnemósine permite que os Aedos ouçam a música de Orfeu; depois, pobres poetas lutam a vida toda pelo impossível: reconciliar a palavra com a expressão da eternidade, lugar do silêncio.

Três:

1 - Este sumiço devo à necessidade de finalização, depósito e defesa da dissertação, que ocorreu em 20 de setembro;
2 - Como dizia meu primo João: "Passarinho na muda não canta" e
3 - Este espaço foi criado com o objetivo de me acompanhar nas pegadas que deixava pelo caminho do mestrado, que encerrei na última sexta-feira, em dia de lua cheia.

Agora, meio tonto e cansado ainda, já não sei o destino deste espaço imaginário, pelo qual tanto carinho aprendi a ter, especialmente pelo respeito e carinho com que ele é tratado por seus ilustres visitantes.










Texto e imagem: Gilson.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Ontem.




Descendo a estradazinha velha que ligava a baixa do engenho à antiga cozinha da fazenda, encontrei Izalina. De onde vem? Da pedra do Cais, fui buscar caranguejo. Vem alguém pra jantar, será? Em todo aniversário, a partir de certa altura da vida, eu fazia sempre assim: não convidava nem deixava ninguém chamar nenhuma pessoa. Aparecesse quem quisesse. De minha parte, nunca deixei de preparar algum pedaço de coisa para se comer.

Imagem e texto: Gilson.

domingo, 28 de julho de 2013

O trabalho, os dias...


Pandora: John William Waterhouse


Um homem
deve pedir seu destino
a uma mulher.
Mãe da lua dorme;
com que sonha
ninguém sabe.