Espaços entre os traços.
– a linha percorre os abstratos,
matemáticos vazios posicionados.
Série de pontos mínimos.
– inacessíveis.
Redes de ausências.
– essências espaciais:
alguma forma de esperança.
Eu não gosto de cálculos;
Gosto de sonhos...
E de palavras mágicas!
Desenhos de nuvens me encantam e
sorrisos instantâneos também.
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Num dos
prefácios de Tutaméia, João Guimarães Rosa anota, depois de epígrafe, em
que se lê que “A matemática não pôde progredir, até que os hindus inventassem o
zero”: “Meu duvidar é da realidade sensível aparente – talvez só um escamoteio das
percepções (...) Porém procuro cumprir, (...), empírico modo ensina: disciplina
e paciência. Acredito ainda em outras coisas, no boi, por exemplo, mamífero
voador, não terrestre” (p.148). O autor coloca o leitor exatamente no lugar
desejado: na atitude de suspensão do paradigma da racionalidade (“realidade
sensível aparente”, “empírico modo”), e de abertura para a imaginação (“boi,
mamífero voador, não terrestre”). Para acrescentar, logo em seguida: “Tudo se
finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito, será que basta? Meu
duvidar é uma petição de mais certeza”. No balanço do pêndulo entre o
racionalismo objetivo aristotélico e o idealismo subjetivo platônico, restam
claros um convite e a posição de fala do autor/narrador.
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LAS SEIS
CUERDAS
La guitarra,
Hace llorar
a los sueños.
El sollozo
de las almas
perdidas,
se escapa
por su boca
redonda.
Y como la tarántula
teje una gran
estrella
para cazar
suspiros,
que flotan en
su negro
aljibre de
madeira.