quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O fim, drama em muitos atos

Cortinas abrindo-se lentamente. Reunião de Conselho Diretor da Faculdade. Meu estado de espírito está propício e briguei com um colega, professor e conselheiro. Não suporto quem não enxerga um palmo “aquém do nariz”. Briga feia, pano rápido. Deixei a escola um minuto após o fim da reunião.

Cortinas abrindo num sorriso. Temos, eu e Sombra, novo morador no barraco: Hoffen, um York que ganhei de presente e, agora, está sob os cuidados da Sombra Viva. Os dois estão sob meus cuidados e Deus proverá... As cortinas não se fecharam.

Dia estranho para encerrar um ano, mas o de 2011 acabou hoje.  Todas as disciplinas e todos os artigos de avaliação concluídos. Terminei há algumas horas um difícil esforço para falar das cores, para ler Dante sob a “luz” da Farbenlehre, de Goethe. Fui até o fundo do poço para apresentar algo minimamente digno, um poema em preto e branco, mas está feito. Fim. Pano rápido.

Cortinas rasgadas e, quando me preparava para me jogar debaixo d`água para começar 2012, descobri, num susto, que 2011 relutava. Minha vizinha me grita, para socorrer seu cãozinho, que acabava de ser atropelado. Ele jantou e, brincando, correu atrás do gato, para a rua, brincando. Coloquei as roupas que faltavam e saltei à rua. Choquito respirava com dificuldade, com fratura exposta e sofrendo muito. Estava alerta, deitado no asfalto e assustado. Liguei para a médica da Sombra, que me indicou a clínica adequada para o caso e pra lá fomos. Eu soube desde o primeiro momento que era grave. Ainda mais depois, quando fui percebendo que saía pouco sangue pelo ferimento. Algum ferimento invisível não nos permitia ver o sangue a se movimentar por entre os órgãos, e ir até o ponto em que impedia o lutador cãozinho simpático de respirar. Achamos o veterinário, que sentenciou num minuto: ia aplicar um sedativo apenas para aliviar o sofrimento de Choquito, pois não havia recursos para ele. O feliz animalzinho quis morrer nos meus braços. Foi colocá-no na maca e ele parou de respirar. Sofreu a dor até o final, pois nem tempo deu a que o remédio fizesse o efeito de aliviá-lo.

Esqueci das cortinas e me lembrei de João Guimarães Rosa: “Viver é um descuido prosseguido”.
Já não é mais para Choquito.

Mas estamos aqui, ainda, eu, Sombra e, agora, Hoffen e muitos livros e esperança. E é preciso continuar.




Aos 45 dias de vida, Hoffen está aqui

2 comentários:

  1. Que pena o ocorrido com Choquito.
    (...)
    E que lindo, Hoffen é...
    Sombra cuida dele? Não tem ciúme de você?
    (...)
    Que 2012 lhe seja generoso em saúde e paz.
    Te amo.
    Abraço!

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  2. Deire, obrigado pela visita.
    Foi mesmo triste o que aconteceu com o Choquito. Hoffen e Sombra estão aqui, tentando se entender.
    Abraço.

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