domingo, 5 de fevereiro de 2012

As alturas de Goethe

As cinco forças primordiais deste mundo são: Demônio, a força interior do homem; Natureza, a força do Universo; Tyche, a força das contingências que nos cercam e movimentam; Ananke, a força da necessidade que nos rege; e Elpis. A Tyche se opõe a Natureza: a criação perde a inocência do primeiro dia e torna-se o motivo da nossa dor. O homem se opõe a Tyche; o demônio, em nós, é mais forte do que as contingências, e transforma o mundo; o homem domina a Natureza e transforma Tyche em ordem humana, Ananke. Ananke domina ao Demônio: é necessário que o homem se curve. Desde então, somos os prisioneiros da necessidade que criamos. Mas existe ainda, em nós, um resto do Demônio, resto do paraíso perdido e promessa de liberdade: é nossa última deusa, Elpis, a Esperança.

Otto Maria Carpeaux, Ensaios reunidos I, comentando  “Cinco palavras órficas”, de Goethe.

2 comentários:

  1. Gostei desta referência sobre a humanidade!
    Venho agradecer a visita e dizer que apareça para ajudar a cultivar, aproveitando o anterior post, lírios!:)

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  2. Obrigado, Ana, pela visita a este humilde sótão imaginário. Seu jardim está perfeito, deixe eu apenas contemplá-lo, lembrando Ibhraim:
    "Silencio,
    que estan durmiendo
    Los nardos y las azucenas.
    No quiero que sepan mis penas
    Porque si me ven llorando moriran".

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